Ansiedade e Compulsão Alimentar – que relação?

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As perturbações de ansiedade são as perturbações mentais mais frequentes no mundo. Cerca de 33,7% das pessoas em alguma fase da vida sofrem de ansiedade. Encontra-se ainda em aberto se estes níveis crescentes e preocupantes de pessoas que sofrem de ansiedade se deve ao ritmo cada vez mais acelerado e competitivo em que se vive ou à incapacidade das novas gerações em lidarem com as adversidades. Isto porque é nas camadas mais jovens da população que a perturbação de ansiedade mais se tem sentido.

A Compulsão alimentar acompanha esta subida e também se verifica uma maior incidência na população mais jovem.

Alguma relação?

Compulsão alimentar o que é?

A compulsão alimentar consta na DSM-5 como sendo uma perturbação mental. Existem critérios bem definidos para a realização do diagnóstico, nomeadamente:

Grande ingestão alimentar pela perda de controlo;
Ingestão excessiva num determinado período de tempo, por exemplo duas horas;
Sensação de falta de controlo;
Comer até se sentir desconfortavelmente cheio;
Comer na ausência de fome física;
Comer sozinho e às escondidas;
Sentimentos pejorativos após a ingestão alimentar

Causas da Compulsão alimentar

Vários são os fatores que podem desencadear o comportamento alimentar compulsivo:

  • Quadro de ansiedade;
  • Situações de trauma;
  • Perdas emocionais;
  • Problemas hormonais;
  • Dietas restritas;
  • Distorção da imagem corporal;
  • Excessiva preocupação com a imagem física;
  • Aspetos de personalidade.

O que é ansiedade?

A ansiedade é uma emoção normal vivenciada no dia a dia das pessoas que se caracteriza por uma maior pressão, insegurança, preocupação num determinado contexto. A ansiedade desencadeia sintomatologia física:

  • Aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca;
  • Sudação;
  • Secura da boca;
  • Tremores;
  • Tonturas.

A ansiedade deixa de ser considerada normal quando interfere negativa e permanentemente na vida da pessoa sendo fonte de sofrimento. Quando dificulta a execução de atividades de vida diária e aumenta sensação de desconforto e ameaça.

Ou seja, até um certo ponto é considerada normal porque é uma reação do organismo perante uma situação de medo ou ameaça. Segundo alguns autores pode ser mesmo benéfico níveis de ansiedade porque podem favorecer o desempenho uma vez que há uma maior consideração e interesse – lei Yerkes-Dodson. No entanto a partir de um determinado nível a ansiedade torna-se patológica uma vez que pode bloquear e comprometer o desempenho e causar um enorme mau-estar.

A ansiedade patológica baseia-se num medo, normalmente generalizado, percepcionado pela pessoa como real mas que estão muito desfasados da realidade. Esse medo que não é real, mas é vivido como tal acaba por colidir com o saudável funcionamento social, profissional e ocupacional da pessoa.

Como se manifesta a ansiedade?

Sintomas mentais:

  • Medo;
  • Pensamentos constantes de catastrofização (o pior cenário possível);
  • Preocupação extrema.

Sintomas físicos:

  • Tonturas;
  • Irritabalidade;
  • Perda de desejo sexual;
  • Tensão muscular;
  • Dores de peito;
  • Transpiração;
  • Tensão arterial;
  • Respiração acelerada;
  • Palpitações arritmia;
  • Naúseas diarreia.

Qual a relação entre a ansiedade e a compulsão alimentar?

Os resultados indicam que a ansiedade pode ter influência na compulsão alimentar. Podendo não ser de uma forma direta, ou seja, nem sempre a pessoa percebe que está ansiosa e por isso vai comer, mas porque desencadeia uma série de alterações hormonais e do estado emocional, enfraquecendo a capacidade de gestão de impulsos.

A ligação da ansiedade e compulsão alimentar assenta em problemas emocionais relacionados com culpa, frustração, vergonha que faz aumentar a ansiedade e que por sua vez vai gerar mais compulsão, fazendo com que o ciclo se perpetue.

 
Outro aspeto a salientar é que muitas vezes a ansiedade pode advir de questões relacionadas com a imagem, provocando mau estar, frustração, sentimento de falta de controlo, tendo como resposta um episódio de compulsão alimentar perante todo o auto-julgamento.

 

Qual o papel do psicólogo?

Um acompanhamento especializado é fundamental para o tratamento tanto de questões relacionadas com a ansiedade como com a compulsão alimentar e ambas.
O psicólogo irá atuar no sentido de:

  • Elucidar sobre as duas perturbações;
  • Ajudar a perceber os gatilhos;
  • Auxiliar nas estratégias mais adequadas de autoconhecimento e conhecimentos das situações que possam ser mais delicadas.

Existem ferramentas bem fundamentadas e estruturadas para as duas perturbações. Reconhecer a origem e atuar nelas é também fundamental e requer acompanhamento profissional.
Eu e a minha equipa estamos disponíveis para lhe dar todo esse suporte.

De uma forma geral existem algumas medidas que podem ajudar a melhor gerir o quadro de ansiedade associado à compulsão alimentar:

  • Organização de uma rotina de trabalho;
  • Planeamento de horários de refeições, bem como o planeamento das mesmas;
  • Realização de atividade física regular e atividades que promovam relaxamento;
  • Manter uma boa hidratação;
  • Promoção de atividades/estratégias de redução do stress excessivo;
  • Adequar uma boa rotina de sono.

Conclusão

Diversos estudos mostraram que a compulsão alimentar apresenta uma relação direta com quadros de ansiedade e que quanto maior o nível de ansiedade mais frequentes são os episódios de compulsão alimentar.

Mulheres e os jovens são os grupos mais propensos ao desenvolvimento de ambas as perturbações pois são considerados mais vulneráveis pela pressão a que estão sujeitos, também em termos estéticos, e pelas maiores mudanças hormonais.

Para melhor dar resposta a todos os desafios é essencial um olhar humanizado e de diferentes áreas.

Olá, sou a Maria Duarte

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