Sofia – história de obesidade (parte II)

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– Vamos lá continuar! Prometo ser sucinta, e trazer-lhe o que julgo ser de valia. A obesidade é multifactorial, logo produto de diversas causas que até podem estar relacionadas entre si, sem disso darmos conta, no entanto, a literatura aponta características genéticas, familiares e ambientais como as mais determinantes. 

 

– Ai isso é verdade, a minha avó também já era cheinha e foi com ela que eu cresci. E apesar de comer só coisas naturais porque não havia muito dinheiro, nunca faltou comida na mesa, podia faltar para muita coisa menos para o pão. Era sempre uma mesa farta. E já se sabe que naquele tempo não se queria tanto saber se tinha um quilo a mais ou a menos e depois olhe quando dei por ela já era tarde. Agora é que já não tenho conserto!

 

– Desculpe, não tem o que Sofia? Acha mesmo que não tem conserto?

 

– Ohh Dra. eu não quero desistir de mim e por isso estou aqui, mas depois tenho outra parte de mim, as vozinhas, que me dizem o contrário! Eu sei que já tenho um caminho feito e que o facto de já não comer a lambuzar-me já é um grande ganho, mas o número na balança ainda não está como quero, nem perto, e isso deixa-me triste e às vezes sem esperança. Eu sei que já falamos que não é de um dia para o outro e também sei que há sempre outras possibilidades. 

 

– Repare Sofia, e estamos aqui a abrir um parênteses, mas estas questões alimentares de que fala do “lambusar-se”, que é como quem diz, comer para preencher uma emergência, comer para se auto-regular acontecem na combinação de questões fisiológicas (alterações da microbiotica intestinal), características de personalidades e fatores circunstanciais. Quando estes três pontos estão equilibrados tudo fluí e até no que parece não ter conserto há um vislumbre! É imprescindível um bem estar emocional e um conhecimento das suas emoções e formas de melhor gerir as suas emoções, bem como perceber todos os mecanismos associados. O que temos vindo a trabalhar em consulta. 

– Ai isso é verdade. Quando a minha cabeça está bem tudo flui muito melhor no trabalho, em casa, os comentários não me afetam tanto, consigo ter mais paciência e até ponho rímel e batom acredita?

– Acredito Sofia e  fico muito feliz em sabê-lo!!! Vamos lá continuar?! Mas eu não me vou esquecer deste ponto e no final da consulta voltamos aqui, combinado?

– Sim. Vamos lá aprender sobre obesidade. Só ganho em saber mais em vez de fugir e me queixar. Quero ter uma postura responsável pela minha saúde e não de vítima, não ganho nada com isso, só me mantém no mesmo lugar. 

– Sofia um txim txim a esse comentário, nota 20! Vamos lá então prosseguir. Fatores que causam a obesidade e os seus antídotos, de forma muito resumida porque é precisamente nisso que nos debruçaremos no nosso acompanhamento também, com um foco especial obviamente para o “arrumar das gavetas” com o clarificar e estratégias que em conjunto encontramos.  

Muito sumariamente, de acordo com estudos verifica-se um conflito entre fatores hereditários e fatores ambientais. Verifica-se uma maior prevalência de obesidade em pessoas cujas mães e/ou pais sofram ou tenham sofrido de obesidade.  Outro aspeto prende-se com o fato de os pais darem um grande valor à alimentação como forma de vinculação que eles próprios valorizam para si, transpondo isso para a educação dos seus filhos de forma inconsciente. Precisamente o que referia Sofia de nunca lhe ter faltado nada em relação à sua avó. 

Outra coisa Sofia a tendência genética para ter obesidade revela-se através do número de células de gordura de cada pessoa. Sabe-se que num indivíduo com peso médio rondam as 35 milhões de células e num indivíduo com obesidade rondam os 100 milhões. Segundo a investigação, depois de formadas não desaparecem e o busílis da questão está precisamente aqui Sofia.

Olá, sou a Maria Duarte

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