Sofia – história de obesidade (parte I)

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Trago-lhe a história da Sofia. A Sofia sofre de obesidade – IMC 30- e é acompanhada em consultas de psicologia há 3 meses. Embora já tenha modificado algum dos seus comportamentos alimentares e estratégias de auto-regulação emocional mantém ainda alguns dos seus padrões cristalizados, provenientes de anos consecutivos de oscilações de peso. 

– Dra. posso entrar?

 

– Claro Sofia coloque-se à vontade, respire fundo e leve o tempo que precisar para se recompor!

 

– Ai dra. apanhei tanto trânsito e já se sabe com este peso mesmo que quisesse correr não conseguia. É nestas alturas que vejo o quanto estes quilos a mais são mesmo um estorvo na minha vida, com uns quilitos a menos era tudo mais fácil. É nestas alturas que vejo a importância e a urgência de emagrecer.

 

– Sabe Sofia, corrija-me se estiver errada, mas denoto nessas suas palavras muita culpa na forma como está a falar e ouvi bem disse ‘urgência’?

 

– Ohh… lá está a dra. com essa coisa do poder das palavras! Mas e então se a culpa não for minha de quem será? Ninguém me empurra a comida pela boca dentro!

 

– E se não tiver de haver culpados? E se trocarmos culpa por responsabilidade?

 

– Ohh dra. por favor não me venha com as suas coisas, já somos adultos. Não vamos tapar o sol com a peneira!

 

– Sofia se somos adultos, que concordo consigo, podemos então abordar o tema sob um ponto de vista não tão superficial? Porque mesmo no mundo dos adultos, cara Sofia, não temos de encontrar sempre culpados! Podemos perceber contextos e funcionamentos do comportamento humano e à luz disso analisarmos melhores formas de atuação.

 

– Ainda não percebo muito bem isso. 

 

– É para isso que aqui estamos! Hoje gostaria de falar com a Sofia sobre a obesidade. Fazer deste nosso encontro mais informativo. O que lhe parece?

 

– Vamos lá! Já tínhamos combinado isso no nosso encontro anterior.

 

– Ótimo! Primeira consideração, a obesidade tem sido considerada por diversos autores como a pandemia do século XXI. Veja-se colocaram-se os holofotes no Covid mas parece que temos aqui a obesidade a merecer muito da nossa atenção e consideração. Mas ao contrário do vírus Covid a vacina que serve de antídoto neste caso da obesidade é, ao que parece, mais complexa.

 

– Mas há vacina?

 

– Várias! Reeducação alimentar, planeamento de atividade física, higiene do sono, regulação emocional, cirurgia bariátrica, sleeve gástrico, bypass gástrico, banda gástrica ajustável, bypass duodenal, gastroplastia vertical endoscócipica. Várias possibilidades sendo que, independentemente de cada situação as primeiras que falei nunca deverão ser substituídas pelas últimas.

 

– Não dra. isso eu sei, mas falou da vacina do covid, referia-me a vacinas dessas, de tomar uma vacina e ficar protegido, ou seja, ficar livre de obesidade, ficar magra.

 

– Pois dessas assim milagrosas ainda não existem no mercado. São soluções que requerem alterações de hábitos e estilo de vida e por isso exige perseverança perante o estilo de vida já instalado. Mas Sofia vamos perceber o que é a obesidade?

 

– Eu acho que já sei. Mas sim diga!

 

– A obesidade é considerada uma doença crónica não transmissível caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura em algumas regiões do corpo, no tecido adiposo, que compromete a saúde. Dependendo do sexo a distribuição no corpo difere (feminino – ginoide – ancas, coxas e nádegas; masculino – androide – abdómen). 

Segundo a OMS o diagnóstico de obesidade é determinado por meio do IMC. Através deste parâmetro é considerado excesso de peso um IMC entre 25 e 29,9 e obesidade um IMC igual ou superior a 30. O IMC permite, deste modo, a classificação da obesidade em quatro níveis – graus I (IMC entre 30 e 34,9); grau II (IMC entre 35 e 39,9); grau III (grave ou mórbida) – IMC igual ou superior a 40 e, por último, o grau IV ou super-obesidade (IMC superior a 50). 

 

– Isto é muita informação para a minha cabeça.

 

– Calma Sofia não tem de memorizar nada disto. Mas repare, e até já tivemos oportunidade de falar sobre isto, para que uma série de comportamentos sejam alterados e outros até integrados não é importante conhecer e perceber a respeito?

 

– Claro, sem dúvida!

Olá, sou a Maria Duarte

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