Bulimia nervosa

A bulimia nervosa caracteriza-se pela grande ingestão de alimentos – episódios bulímicos – que são acompanhados de métodos compensatórios inadequados com a finalidade de controlar o peso.

O que é a bulimia nervosa?

Foi em 1979 que Russell descreveu pela primeira vez o conceito de bulimia nervosa, retratado num pavor em engordar em pacientes com um peso considerado ‘normal. Estes recorriam a regras muito rígidas; episódios bulímicos; vómitos autoinduzidos. Esta descrição adveio do acompanhamento de utentes que tinham passado por um quadro de anorexia nervosa, e considerou e como tal considerou a bulimia nervosa como uma forma de sequela mal adaptativa do quadro clínico prévio.
Posteriormente e após muita observação e estudos verificou-se que a bulimia nervosa apresenta um quadro autónomo, sem a necessidade de historial de anorexia nervosa – apenas de 20% a 30% e em geral de curta duração.
Assim, a bulimia nervosa caracteriza-se por uma perturbação psiquiátrica na qual o indivíduo ingere de forma mais rápida que o que faria normalmente uma grande quantidade de alimentos, precisamente pela sensação de perda de controlo, os chamados episódios bulímicos. Após a ingestão perpetua-se o ciclo através de métodos compensatórios inadequados para fazer face à excessiva ingesta alimentar e às suas sequelas – na cabeça do indivíduo o aumento de peso é sempre a principal.
Os métodos compensatórios podem ser de dois tipos:
• Purgativo – indução de vómito, laxantes, enemas, diuréticos.
• Não purgativo – Exercício físico excessivo, jejuns.

Sinais e comportamentos típicos da bulimia nervosa

Podemos dividir os sinais da bulimia nervosa em três categorias: Física, Psicológica e Comportamental.

Física
• Oscilação de peso, embora não muito excessivo devido aos mecanismos de compensação;
• Obstipação;
• Possibilidade de desenvolvimento a intolerância a determinados alimentos;
• Danificação do esmalte dentário e danificação dentária.
• Menorreia ou perturbação de períodos menstruais;
• Sensação de fadiga e alteração no sono.

Psicológica

• Sensação de irritabilidade, ansiedade ou depressão.

• Preocupação constante e até obsessiva com a alimentação e o corpo.

• Hipersensibilidade a comentários relacionados com alimentação e imagem corporal, mesmo não sendo do próprio.

• Distorção da imagem corporal que faz com que nunca se sinta satisfeita consigo própria.

• Baixa autoestima, culpa, frustração e auto-aversão.

Comportamental

• Provas de episódios bulímicos (falta repentina de alimentos).

• Indução de vómito, laxantes, enemas, diuréticos, exercício físico excessivo – longa duração, várias vezes ao dia, mesmo não estando em condições de o fazer.

• Esconder comida ou porque não houve a ingestão ou porque haverá mais tarde.

• Recusa de convites que envolva refeições ou preferir comer sozinho.

• Manutenção de comportamentos e rituais obsessivos relacionados com o corpo.

• Comportamentos repetitivos ou obsessivos relacionados à forma e ao peso do corpo (por exemplo, pesar-se repetidamente, olhar-se no espelho obsessivamente, comprimindo a cintura ou os pulsos).

• Estar constantemente em dieta e com comportamentos pouco saudáveis com o objetivo de emagrecer (contar calorias, restringir certos grupos alimentares ou alimentos, jejuns).

• Sair do local da refeição ou levantar-se várias vezes durante a refeição de forma a utilizar algum mecanismo compensatório.
• Começar a usar roupas mais largas.
• Rituais obsessivos ou pouco tolerantes no que toca à preparação de alimentos e até horários de refeição.
• Em última instância tentativa de suicídio.

Porque deve começar já a terapia?

Enquanto não tomar essa decisão e não der passos na direção de procurar uma ajuda sustentada só alimentará o ciclo da bulimia – regras rígidas – restrição alimentar – aumento da fome – gatilho alimentar – comer compulsivo – comportamentos purgativos – regras rígidas…. A terapia ajudá-lo-á a dar voz aos seus pensamentos e emoções e a desconstruir e dar um novo significado aqueles pensamentos e emoções desadaptativas a respeito da sua história, hábitos alimentares e imagem corporal.

Onde pode encontrar um psicólogo para tratar a bulimia nervosa?

Enquadrado no sistema nacional de saúde ou num âmbito privado, importa perceber que nunca estará sozinho. Existem profissionais de excelência altamente capacitados para o ajudarem a darem o suporte de que necessita. Eu e a minha equipa encontramo-nos abertos para lhe prestar o acompanhamento mais adequado para que se possa sentir livre de uma vez por todas como tanto deseja e merece.
Certifique-se que o profissional que procurar:
• Trabalha em equipa (psicólogo, psiquiatra, nutricionista, endocronologista);
• Sinta empatia;
• Tem experiência na área das perturbações alimentares.

Conclusão

Os sinais presentes em pessoas que sofrem de bulimia nervosa nem sempre são claros para quem está na plateia, no entanto, quanto mais informado se estiver mais útil será a prestação de apoio. A própria pessoa que sofre de bulimia nervosa nem sempre tem claro e reconhece os próprios sinais uma vez que está muito associado apenas a indução do vómito como sinal de mecanismo compensatório. É importante sim conhecer mais a respeito para que o tratamento seja o mais adequado e promissor possível.

 

Bulimia nervosa e o corpo - sinais
Olá, sou a Maria Duarte

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